A comunicação se estabelece quando é possível transpor a barreira do eu, para a ponte do nós. Porém, desenhar pensamentos, ideias ou sentimentos dentro de outras pessoas, não é lá tarefa muito fácil. Embora, a empatia possa ser dita como instintiva de modo que o simples "olhar nos olhos", possa ser uma forma de encontrar a identificação no outro, ainda assim, traduzir o que está dentro de si mesmo, requer - quem sabe? - mais do que a empatia alheia.
Requer portanto, um olhar mais atento. Uma analise cuidadosa de ambas as partes. De maneira que, comunicar seria como desenhar um universo novo, nas mentes dos que recepcionam. Para isto, um delineia e o outro captura o invisível e tenta interpretar. A mágica acontece, quando a figuração do pronunciador é aceita e refinada por aquele que interpreta. E daí nasce a ponte entre estes dois mundos.
Agora imagine: Quantos universos, ainda ocultos, existem? Não digo somente dentre aqueles capazes de se comunicar e nunca o fizeram, como também dentre os que nunca puderam! Por que, talvez lhes faltasse a faculdade, ou nem mesmo possuíssem boca, nem língua para tal. É dessa forma que cada ser, ou mesmo não-ser, poderia ser cogitado como um universo inteiro de possibilidades.
E estas possibilidades, se traduzem dentre as coisas maravilhosas ou tenebrosas que podem se esconder por debaixo de cada gesto, cada olhar, cada pata, ou pedra ou folha e mesmo por detrás de cada sombra, ou sopro, ou nuvem e por aí vai... Desde o mais concreto, até o mais abstrato. Desde o vivo ao inanimado...
Mas, infelizmente (ou magnificamente), os únicos capazes de transpor a barreira e propagar entre si o conhecimento, destes muitos universos internalizados, somos nós. Contudo, será muito difícil compreender toda a subjetividade da natureza. Ainda mais, se não se relaciona com a nossa própria.
Embora, para essa finalidade tenhamos a comunicação como ferramenta. No que seria a eterna tentativa de desenhar e redesenhar o mundo que nos rodeia, da maneira que nossas mentes processam, para além delas mesmas. Seja pela ciência ou mesmo pela arte. Estas que são uma redução da realidade em forma de linguagem que pode ser falada, escrita, ou ilustrada. E daí, se encontra a beleza da comunicação. Que em diferentes manifestações, conecta pontos tão afastados e em princípio, contidos em si mesmos, de modo uníssono. Dando voz ao que não tinha. Uma voz que pode ser mesmo a pura interpretação daquilo que tenta-se enxergar, mas ainda é difuso, e mesmo assim nos tornamos, um pouco menos surdos ao fazê-lo.
Bem, confesso lamentar por aquilo que permanece inominável, esperando tradução. Mas tenho esperança de que alguma mente inquieta e que vasculha sob pedras tentando achar respostas, finalmente encontre-as. E então, nos tornaremos um pouquinho menos surdos e cegos diante do todo, aprendendo com suas pequenas partes mudas.
Texto e Imagem por Sandy de Souza.
Amei, Sandy! Obrigado por tornar vivo todo esse sentimento abstrado é que estava preso com você. Em bom trazer esse olhar para o mundo real. Eu consegui te imaginar pelos detalhes no decorrer do texto. Gratidão!
ResponderExcluirMuito obrigada pelo seu comentário. Fico bem feliz de ter conseguido transmitir isso a você!
ExcluirOlhar sensível e maravilhoso. Obrigada por compartilhar.
ResponderExcluirObrigada a você pelo carinho e atenção!
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