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Tropeço e Recomeço: Tentando Lidar com a Depressão

Introdução: Já esteve na situação em que o dia ia muito bem, mas daí por conta de algum inconveniente que surge, você se vê preso em um pesadelo no qual um acontecimento desagradável fica marcado e se repete de novo e de novo dentro da sua cabeça, tornando-se a coisa mais importante daquele dia?! 

Se sim, bem vindo ao meu mundo e vamos conversar! :D 

 


Em primeiro lugar, olá! 

Para quem não sabe, o meu nome é Sandy e eu tenho alguns probleminhas…

Estes probleminhas têm relação basicamente com: me sentir grande parte do tempo feia, inútil, tudo de ruim e fracassada. 

Chegando ao ponto de nos piores casos me ver como o pior ser humano que poderia estar existindo e acreditar que a solução para esse peso é a morte. 

Porém, este pensamento de “se matar”, está muito mais relacionado com um processo de autotortura um tanto inconsciente, do que um planejamento de fato, tanto é que estou aqui!

Sendo assim, na tentativa de quebrar esses ciclos de autotortura e autodestruição que estão me enlouquecendo há um bom tempo, eu decidi me abrir de vez e compartilhar essas experiências a quem mais interesse. O objetivo disto é apenas falar e trocar experiências, claro. E sim, já faço isso com minha psicóloga, mas com toda ajuda que ela me dá, há mais de um ano, ainda me sinto aprisionada nesse tipo de inferno mental que se tornou cíclico. 

Inferno mental aqui, pode ser dito como o peso do vazio. E sim, o vazio pesa. Pesa por ser desesperador carregar, onde quer que você vá, um vazio que torna tudo ao seu redor sem significado. Inclusive sua própria vida! A origem disso eu desconheço, porque nunca obtive um diagnóstico. Mas como curiosa dos temas da mente, eu entendo que tanto a biologia, como a cultura, como a relação que as pessoas têm com seu passado, principalmente a infância, acarretam probleminhas como este. Mesmo que eu não saiba como defini-lo exatamente, eu me identifico muito com os termos borderline, distimia ou depressão persistente e não sei, talvez déficit de atenção. Por conta disso, apesar de (até a data desta postagem) eu fazer faculdade, namorar, ter família, amigos, ainda me sinto completamente presa em um mundo interno em que tudo é melancólico e eu estou completamente desajustada da realidade, voltada apenas para estas sensações que podem ser horríveis.     

Vou tentar então ilustrar melhor o que quero dizer com essa coisa de “mundo interno”, vamos imaginar uma cena: Temos uma estrada para caminhar e está sol. Árvores coloridas rodeiam a paisagem, o vento é morno e nuvens calmas flutuam no céu azul. - ok, aqui temos a visão dos sentimentos fluindo em um dia comum - Então, caminhando por essa estrada das emoções, sem a mínima pressa, de repente surge um tropeço! Descontrola-se o ritmo do passo, mas bem, foi apenas um tropeço, talvez uma pedra no caminho. É sentido contudo como um puxão ao chão, que arranca quase tudo do lugar! A caminhada prossegue... Agora o tropeço está marcado, com ele a vergonha por ter tropeçado. O passo é inseguro, o vento já não é mais morno, está ficando mais forte. As nuvens calmas vão encobrindo o céu que torna-se mais cinzento. Ameaçando gotas pesadas caírem sobre a cabeça desprotegida e daí...a tempestade começa! A estrada se torna longa e solitária, o andar apressado e sem rumo, as árvores escondem suas cores na quase penumbra que se manifestou. A chuva arrasa tudo em águas gélidas e tormenta. Um tropeço…



Assim pode ser descrito o quadro das emoções de  alguém suscetível a catastrofizar os acontecimentos desagradáveis. Ou seja, um certo deslize, que pode ser um olhar torto recebido, ouvir uma crítica, tirar uma nota baixa, não ser correspondido como esperava, etc...coisas que mesmo parecendo pequenas, podem ter um significado emocional gigantesco. Porque, na mente “catastrofizadora”, é muito difícil ver isto como um evento isolado, então é atribuído um significado muito maior, por vezes, levando a relacionar outros eventos semelhantes, mesmo que não estejam diretamente relacionados. E isso, faz com que a tal “pedra no caminho”, torne-se algo muito maior e perturbador. Esse aspecto catastrofizador, pode até desencadear eventos depressivos.

É preciso deixar claro aqui que depressão é diferente de tristeza e existe uma diferença também no que é a tendência de catastrofizar, do que é a mudança de humor comum. Pois, apesar de ninguém ser triste, ou feliz o tempo todo, essas mudanças são demarcadas por algum evento que a mente da pessoa interpreta como positivo, negativo, neutro, etc. E além de demarcado, existe o momento de transição dessa variação. Então alguém que perde um companheiro dog, por exemplo, ficará triste mas essa tristeza tem uma origem óbvia e um início, meio e fim do luto. Contudo, nesse estilo de - vamos dizer personalidade - em que o humor de alguém é mais sensível a variação e a desproporção levando mesmo até a depressão, o simples fato de vislumbrar um futuro em que o querido dog morre, já pode ser um motivo para embarcar num luto prévio, mesmo que ele esteja bem! E vamos além, embarcando nos pensamentos do tipo: “meu amado dog (ainda saudável) vai morrer, pobre coitado e todos os outros cães, tão lindos e inocentes quanto ele, também irão. De um jeito trágico, já que a vida não é justa e por isso os cãezinhos morr…” Enfim, acho que deu para entender. Por vezes, mesmo que nada tenha ainda ocorrido, a mente é capaz de projetar o pior dos quadros, afundando na cena e tornar isso uma bola de neve que desce ladeira abaixo. Qual o fim dessa ladeira eu não sei, mas sei que é capaz de descer muito. Esse ‘descer’, é o que chamo de “declínio até a depressão”. E bem, eu nem tenho cachorro, só pensei que seria um exemplo fácil de encarar. Mas as situações mais comuns vão desde o medo de perder pessoas queridas, seja para a morte, seja para a vida (e aqui incluem muitos significados), ou mesmo o medo da falha, medo de decepcionar. Esse medo, é persistente e permeia cada ação tomada, ainda que seja apenas ação de pensar e impede muitas vezes de sonhar. Impede de tentar. Impede de planejar. Pode chegar a ser um medo da morte que impede que viver seja apenas viver, já que viver leva a sofrer e morrer. Um medo da vida que impede que morrer seja apenas morrer, tornando a morte uma escapatória. Um se entrelaça ao outro, um interfere no outro. O medo tenta afastar todas as possíveis ameaças e com isso, cria-se a  sensação de estar sempre perdido dentro dos próprios pensamentos, preso na tentativa geralmente inútil de prever o que pode acontecer, sem ao menos notar que está fazendo isso. A segurança só se estabelece na plenitude e confiança diante daquilo que no presente está muito confortável e que portanto, tem todas as chances de no futuro, ainda estar lá. Seja o dog brincando saudável, a família bem, o relacionamento fluindo, a carreira prosseguindo. Mas, no menor sinal de desajuste, que cria muitos possíveis quadros de desgraça futuros, como o cão doente, a incompreensão dos pais, o relacionamento indo mal, se manifesta uma nebulosidade e a tormenta. Às vezes, é como se não fosse existir outra manhã de sol. 

Um tropeço apenas...Ele também pode surgir como a criação de expectativas não satisfeitas, ou não plenamente satisfeitas. E a dor que surge da frustração, não se traduz somente em “não ter conseguido o que queria”. E sim, beira o sentimento de que é culpa sua! Essa sensação de culpa é latente daqueles que possuem pensamentos autodestrutivos. Latente do indivíduo que acredita, que todo e qualquer fracasso, real ou projetado, no final das contas, é culpa dele mesmo e acontece com ele porque não é uma pessoa apta ou digna o bastante.


Como conviver com uma cabeça que te fala isso? É o que estou tentando descobrir...



Tentando se Recompor...

Após chegar no mais fundo do poço ou no pior desnível da ladeira, onde tudo já tomou uma proporção que não precisava, agora é necessário subir tudo de novo! E até aqui, encontramos a culpa novamente, por “tentar de novo”. E bem, é bom tentar de novo ficar bem, mas nesse caso, pode ser extremamente cansativo a escalada do retorno. Porque, é como precisar admitir que mais uma vez sim, você tropeçou! Mais uma vez, se deixou cair e com isso abandonou tudo o que era importante. E sim, vai ter que retomar tudo de novo, diante dos prejuízos sejam as pessoas que magoou, trabalhos que não fez, contas que não pagou, oportunidades que perdeu, testes que reprovou, matéria que acumulou. E por aí vai. Sim, sempre existirão as consequências de um tropeço e lidar com elas faz parte. Mas a questão é que, é necessário encontrar o equilíbrio entre se permitir viver no nosso tempo, as experiências dolorosas com a atenção que merecem - porque sim, o sentimento de angústia também precisa de atenção -  e se autossabotar. E o meu maior empecilho, em lidar com tudo isso, tem sido a autossabotagem, ou melhor dizendo “se passar a perna”. Ela não ocorre de maneira pensada mas, aí é que está: Nas tentativas, quase sempre fracassadas, de prever o que pode acontecer, medindo sempre os piores quadros da situação, quando eles finalmente se manifestam, ‘parecem se tornar a regra’, uma ‘verdade absoluta’ como se tudo sempre resultasse no pior desfecho: O caminhar solitário, que leva ao inevitável tropeço e que por fim, permanece dolorido e mais solitário ainda em meio à tempestade. Contudo, não é uma escolha ver as coisas de modo intenso, digamos. E eu sei o quanto tudo isso soa como “tempestade em copo d’água”, uma reação de pessoas imaturas e mimadas. Mas quando esses sentimentos se exaltam com facilidade, tanto pelo raio de luz que ressurge novamente no horizonte no dia seguinte, como pela possibilidade de haver outra pedra no caminho e da tempestade, deixa de ser uma escolha estar nesse turbilhão. Porque, e aí está a maior questão, embora o consciente perceba muito bem tudo isso que está acontecendo, os sentimentos não! E a reação se torna a mais irracional possível. Então, mesmo estando consciente desse exagero das emoções, das projeções irreais e do que isso acarreta, quando um evento ocorre (a bendita pedra no caminho), e serve de gatilho para dar um start nisso tudo, é como se fosse tarde demais para evitar a tempestade. Porque antes que se perceba, você já está nela e é praticamente arrastado...  

Na autossabotagem, portanto, temos a mente criando mil projeções do que pode dar errado, até finalmente acertar e se auto afirmar nessa lógica. De que tudo vai dar sempre errado. Já que se o cérebro, tentando achar o lado negativo das situações, finalmente encontra evidência, então mantém  o alerta ligado. O problema desse alerta é que está ligado a coisas realmente inevitáveis como morte, doença, mentiras, traições, falhas, e por aí vai. E sim, pessoas são limitadas e por isso falham, mentem, traem, julgam, cometem crimes, morrem. Assim como, ainda diante das falhas elas são sinceras, ajudam, fazem caridade, simplesmente nascem. Tanto um quanto os outros também são verdades, mas os medos falam mais alto, que é preciso evitar certas situações ou mesmo alertando para sair. Isso inclui procrastinar diante de atividades importantes pelo medo prévio da falha, ou mesmo desistir de objetivos, pessoas ou meras situações como socializar. Posso citar aqui o próprio exemplo da minha relação com este blog:  

Tenho medo de começar algo que não sei se vou conseguir levar adiante. Porque, me vejo como alguém que não consegue se comprometer com nada por sempre se autossabotar, criando medos e anseios que no final se tornam insuportáveis ao ponto de fazerem largar tudo. Mas, como dito antes, essa atitude implica em recomeçar do zero!  Já imaginando os meus leitores (que nem existiam ainda) decepcionados eu me impedia de começar, porque em algum ponto espero decepcionar muito a todos e provar que sou uma pessoa horrível, sem comprometimento, que não consegue nem fazer um blog pessoal sem procrastinar e dar para trás e afundar...mais uma vez e cada vez pior. Efim...


O Recomeço...

 

Recomeçar pode parecer uma piada, já sem graça depois de tanto se autossabotar. Parece um pretexto só para poder errar mais feio da próxima vez. Admito que estou cansada de recomeçar. Isso envolve reconstruir relações, projetos, trabalhos, etc. Recomeçar a me amar e a ter vontade de fazer alguma coisa com a vida, evitando sucumbir dentro de si mesmo e da depressão. Recomeço, se relaciona com a ideia de mudança, mas que na tentativa de mudar aquilo que não nos satisfaz queremos mudar a nós mesmos. E mudar interpreta-se também como libertar-se das mazelas de uma só vez, estar fora da própria mente ou corpo, ser outra pessoa...Mas se não é possível discernir onde está o problema, ou pior, quando você acredita que tudo sobre você é um problema, então sucumbe dentro de você mesmo.  

Bom, dessa vez tenho um plano, de partir do ponto mais simples, já que, de tanto tropeçar e recomeçar, a gente até que aprende onde estão esses erros. E o meu maior erro era projetar a perfeição. O porquê eu não sei. Ilusão talvez, puro romantismo, imaturidade, necessidade de controle, medo do julgamento...não sei. Mas, em tudo projeto a perfeição. E claro, tudo foge em algum aspecto à perfeição, inclusive nós mesmos. É como a pedra no caminho dos passos contentes desavisados. Porém, consigo entender agora que posso e vou tropeçar, mesmo que não saiba como ou onde. Se em pedra ou tronco, ou no meu próprio pé, mas vou. Preciso aprender a aceitar o tropeço e deixar ele onde ele ficou, no passado. Não posso mais me definir pela quantidade de tropeços. E nem esperar que nunca mais tropece, sendo minha culpa ou não. Então, partindo do simples, só comecei a escrever.  



Obrigada pela leitura! :) 

Se gostarem, deixem nos comentários por favor. 
Lembrando que críticas, dicas e opiniões (desde que ditos com respeito),
são muito bem vindos. 

Texto por Sandy de Souza Imagens:  

https://feliciachiao.tumblr.com/ 
e https://www.canva.com/design/DAEMw65PxSA/c_9apSiwyOsOGLMOHP_h8g/edit












Comentários

  1. Eu passo pelos mesmos problemas que voce citou no texto, e um ciclo quase todos os dias, me sinto mal por algo, por um tropeço, por um erro, por não terem me dado atenção, etc.
    E eu realmente não encontrei solução pra isso, as vezes eu acordo tão feliz pra trabalhar, mesmo sabendo que vou ter que lidar com pessoas que eu não conheço direito, e vou ter que me esforçar pra vencer minha timidez se eu quiser ter amigos um dia.
    Mas as vezes me bate um desanimo, por algo que eu fiz, ou algo que eu não fiz, e é desesperador, porque eu nao tenho alguem pra dizer isso.
    O que me conforta ou diminui minha dor e escrever, eu chamo de catarse, escrevo e escrevo, o que eu estou sentindo, o que eu penso, o que eu senti naquele momento e me sinto aliviado, mas não é o bastante.
    Eu acho que to saindo do assunto, mas continuando..
    Tem momentos que eu consigo superar essa "autosabotagem". Quando eu tenho um tempo no meu horario de almoço, ja com a cabeça cheia de confusão e medo, eu me sento pra contemplar a vida, vejo as pessoas andando e conversando, as maritacas, sanhaças e bem-te-vis voando e cantando por ai, e penso como a vida e simples, quer dizer eu acho que mesmo inconsientemente, nos colocamos um peso na vida, de que ela seja do jeito que queremos, mas ela não e nunca vai ser.
    E penso que se eu apenas não me deixar essas coisas pesarem nos meus ombros e viver como eu quero viver, mesmo que doa, que eu sinta aquela dorzinha quando eu enfrento meu proprio superego, se for pra ser um pouco mais livre, eu me sacrifico.
    Mas não e sempre que isso acontece.

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    Respostas

    1. Gostei muito do seu comentário Luiz. Obrigada de verdade por contar sua experiência. Acho engraçado isso, sobre esse modo contemplativo da vida. Sim, eu sinto a mesma coisa que você quando olho a natureza e a vida comum. Parece mesmo tudo muito simples mas mesmo assim nos cobramos. Tb acho que a gente deva aprender a encarar a vida como ela é, isso é muito importante e tb muito difícil...

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  2. Minha querida Sandy!
    Não estive nas dores da depressão, mas conheço a angústia da ansiedade...
    Ao te ler, lembrei de você com seus 17 e poucos... Uma menina! Senti saudades e vontade de te dar um abraço enorme e quentinho pra que você saiba o quanto te estimo e te guardo no coração! Como eu tenho orgulho de você e dos seus colegas de turma! Como fui feliz sendo professora de vocês! Como esquecê-los?
    Por vezes somos muito duros conosco, mas a gente tá se esforçando pra fazer o nosso melhor. E é isso o que importa! Se caímos, se tropeçamos é porque estamos tentando...
    Se você tem medo de não conseguir levar projetos de longo prazo, não tem problema. Pense: um dia de cada vez! E se não der certo, se não estiver feliz você não é obrigada a permanecer... Você pode mudar! E é justo mudar.
    Precismos ser fiés ao que sentimos e acreditamos.

    A doenças psicológicas/psiquiátricas podem e DEVEM ser tratadas... Pedir ajuda a um médico e a um psicólogo é um gesto de autoamor.

    Faça a sua parte e confie na vida! Coisas maravilhosas ainda estão por vir e é por elas que devemos seguir em frente!

    Com amor e carinho,
    Profª Priscila Azeredo
    (História - CEGFA)

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    Respostas
    1. Professora Pri, obrigada pelas palavras. Foi muito bom lê-las porque você é uma das pessoas que mais me inspirou e cativou. Foi muito bom e importante o contato contigo como professora naquele ensino médio. E mais do que isso, o contato contigo como pessoa. Porque, você sempre nos permitiu isso e ainda neste momento está mais uma vez doando seu coração. Sou eternamente grata  pela sua forma de ser e te vejo como uma mulher muito forte, que mesmo com a força que tem, não deixa de ser alguém que consegue tornar as coisas mais leves ao redor. Muito obrigada mesmo, mais uma vez vou guardar suas palavras comigo e aprender com elas. 

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  3. Queria comentar algo inspirador da mesma forma que a professora Priscila fez mas nem sei o que dizer. Só posso dizer que me identifiquei em cada palavra do início ao fim. Estamos juntas nessa, Sandyzinha, não esqueça de mim. ❤️

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